Crítica | ARMADILHA (2024): Shyamalan nem sempre consegue escapar

infelizmente eu não consegui assistir a esse novo filme do chalan O Trap ou armadilha nos cinemas quando ele estreou aqui no Brasil porque não teve cabine de imprensa uma coisa muito rara de acontecer com qualquer filme não teve cabine herol no Brasil na verdade não só aqui onde eu moro no Recife Eh mas porque também na semana que o filme estreou eu tava indo pro festival de cinema de Gramado então eu perdi de assistir ao filme no cinemas quando eu voltei ele já tava com pouquíssimas sessões e agora neste momento o filme já está disponível nas plataformas digitais para aluguel então tô aproveitando esse gancho para falar do Trap do armadilha eh eu vi praticamente todos os últimos filmes do chamal na verdade todos os filmes do Xamã desde o depois da terra eu vi todos no cinema e é sempre uma experiência muito interessante ir ver no cinema o filme do chalan curiosidade para ir ver o novo filme dele a nova ideia dele né a nova o novo projeto original dele quando é original e mesmo quando é uma adaptação como no caso do batem a porta e do tempo são adaptações que de modo geral muita gente não conhece ou ele tá apresentando pela primeira vez no cinema mas isso é muito incrível dentro do trabalho dele essa coisa de material inédito no cinema que ele e trabalha tanto né que ele consegue criar pequenos eventos no em volta desses filmes e é muito interessante também acompanhar as divisões as múltiplas opiniões sobre todos os filmes dele os últimos têm sido muito divisivo de modo geral né mas eu acho que é um cara que se renovou a partir do momento que ele fez a visita ao contrário de alguns colegas eu não curto de modo geral a obra do chalan entre a vila e o depois da terra que aquele período de meio de carreira dele de modo geral eu realmente não gosto eu gosto do fato de que a partir da visita ele deu uma Renovada boa ele partiu para orçamentos menores ele ele ficou um pouco mais prático na maneira de lidar com certos conflitos sem deixar jamais de ser ele mesmo então ele continua sendo o chalan tem a cara dele ali no cinema dele a assinatura dele mas passado por um processo de eh renovação que eu acho bem interessante esse filme O Trap faz de modo geral parte disso e ainda tem uma outra outra questão o fato de não ter nenhum elemento Sobrenatural no filme isso é dentro desse cinema hollywoodiano dele que começou no sexo sentido é meio que a primeira vez que ele abraça um cinema é absolutamente realista no caso sem elementos fantasiosos Sobrenaturais desde o início estabelecido como tal Porque todos os demais filmes dele mesmo você pegar ali o a visita e e a Vila eh eles são filmes que a visita flerta com elementos Sobrenaturais né pelo menos indica que pode examente podem existir eh no caso da Vila tem uma revelação ali mas até o momento dessa Revelação é um filme completamente é o filme que lida com a a fantasia né com essa crença na fantasia e aqui não aqui no Trap o o filme O armadilha trata de um pai interpretado pelo Josh harnet que leva a filha para um show de uma pop st que calha de ser interpretada pela própria filha do Shaman sakila night shalan e que é uma boa diva pop convence bem como diva pop inclusive enfim esse pai leva a filha para esse show e durante o show a gente descobre que tá sendo tá sendo armado ali montado todo um esquema para pegar um serial killer chamado açougueiro que tem aterrorizado a região tem aterrorizado o país aparentemente uma figura e que tem cometido crimes horrorosos e eh logo no trailer é revelado que esse pai é o assassino né então o Twist da vez o chalan não entregou no filme ele entregou nos trailers né Essa Ideia de que esse esquema foi montado para pegar um assassino e esse pai é o assassino eu no início fiquei naquela de Será que fez sentido ele ter entregado ISO Será que não não não teria sido mais interessante a gente descobrir no próprio filme isso é primeiro acho que seria difícil de esconder e segundo vendo o filme finalmente faz todo sentido entregar no trailer porque é um desses casos em que a coisa a premissa de um assassino preso dentro desse esquema de segurança máxima eh tentando encontrar uma saída Isso é uma premissa estabelecida no caso desde o começo desde os primeiros 12 13 minutos de filme já fica claro do que se trata Então não é um filme que faz muito suspense para revelar isso eu fico falando isso especificamente porque eu sempre me coloco no lugar de alguém que não ouviu falar no filme não viu trailer não viu nada e aí foi lá deu play e fui assistir a ao armadilha quando caiu em alguma plataforma de stream E aí a pessoa fica pensando Hum será que ele é o assassino Será que não é eu eu sempre me coloco no lugar dessa pessoa e na prática não eh o filme não cria mistério em relação a isso muito rapidamente ele revela que o personagem é o o assassino o que é muito bom né é muito bom você partir para essa prática e durante 1 hora mais ou menos de duração o filme tem 1 hora 40 mais ou menos durante quase uma hora de de duração o filme vai lidar e de uma maneira bem interessante bem engajante e envolvente do ponto de vista narrativo não do ponto de vista emocional exatamente mas narrativamente ele vai lidar de uma maneira muito legal muito divertida e muito quase C eu não vou dizer que é C mas quase eh e cômica frequentemente mas é quase uma coisa brega mesmo quase uma coisa exagerada absurda porque a própria premissa é muito absurda e com essa essas múltiplas possibilidades desse personagem escapar algumas delas são facilitações absurdas outras são atalhos gigantescos mesmo e talvez esse acúmulo de atalhos do filme seja o meu principal problema com essa primeira parte a apesar de não ser uma decoupagem super estilosa com com algum com estímulos constantes e Frenéticos como ele usou no odio no tempo por exemplo e e nem é tão concisa tão incisiva e intensa como no batem a porta que é o filme anterior dele eu acho que é uma decupagem muito inteligente muito objetiva muito centrada no que de fato ele tem que mostrar nessas cenas e claro com alguns elementos muito tradicionais dele como Aquela aquele Close frontal nos personagens né Tipo dois personagens se encontrarem quando ele quer que você preste muito atenção nesse diálogo eh ele ou ou quando ele quer de modo geral alienar você em relação ao que tá acontecendo em volta ele Foca no rosto desses personagens olhando diretamente pro espectador né assim tipo olhando parado fixamente pra lente e o que é uma coisa que eu acho que funciona bem aqui mais uma vez Então eu curto muito essa essa maneira como ele dimensiona esse espaço a geografia muito bem planejada desse eh desse ambiente do do do conceito do show e mais do que tudo ele convence de fato como um espaço que vai ser e um um cenário de de show de pop star ele é convincente essa essa ambientação eu acho que é um trabalho de ambientação muito bom o que nem sempre acontece na minha opinião no cinema dele Às vezes a sensação que eu tenho é que a coisa tá meio falsa Ou pelo menos me parece muito criada para que aquilo ali aconteça da forma que acontece especificamente nesse filme isso não é o caso é é uma ambientação muito cuidadosa e que também soa relativamente natural pelo menos o movimento em cena dos eh do do background do filme é muito muito cheio é curioso que inclusive esse seja um filme bem mais barato do que alguns filmes do início da carreira dele e pareça até mais caro porque ele tem realmente um um trabalho de de figuração muito convincente Enfim então gosto disso gosto da maneira como Josh harden interpreta esse personagem porque ele é bem um paizão simpático que quer fazer com que você torça por ele e ao mesmo tempo ele tem uns ticks desde o início que são ticks bem chaam malicos e que ele abraça com muita convicção ele tá gostando muito de interpretar o personagem dá para ver uma dá para sentir uma diversão nele e de de fazer o que ele tá fazendo aqui o que se reflete também no próprio personagem que apesar de ser um psicopata colocado colocado contra a parede né colocado ficado acuado eh parece que de alguma forma como o caso da maioria dos psicopatas dos assassinos doentes como é o caso aqui eh ele gosta ele se diverte driblando driblando a polícia driblando a a gente lá gigantesca do né Que que foi quem estabeleceu todo esse plano que é uma uma personagem muito fraca Na minha opinião mas enfim Isso é uma outra questão e eu gosto muito também da maneira da dinâmica dele com a filha da maneira como ele se comporta o tempo inteiro pensando nela voltando sempre para ela quer dizer para ela ele é um pai exemplar aparentemente né e enfim curto de modo geral com ressalvas essa primeira parte ah Quais são as ressalvas Olha a principal ressalva para mim como eu falei é a quantidade de atalho quando eu falo de atalho tudo bem Eu aceito o fato do personagem ficar sabendo que tá tendo um esquema para pegá-lo da maneira mais óbvia e fácil possível que é um personagem ali que tá vendendo camisas contar para ele isso tá no trailer né é o filme Tenta dar uma justificativa para esse personagem confiar no protagonista e dizer aquilo para ele mas é uma justificativa meio frouxa só que eu ainda consegui comprar porque repito acho que isso importa menos no final das contas do que o próprio desenvolvimento de tudo eu não me pego tanto com esse tipo de coisa só que a medida que o filme vai passando ele vai repetindo esse tipo de artifício Então tem um momento quem viu o filme sabe qual é em que o personagem precisa levar a filha para um determinado lugar levar a filha para um um determinado momento e a maneira que ele escolhe para a maneira que ele consegue fazer isso e a maneira como ele mantém isso um pouco mais adiante quando é ameaçado sair dali É muito é é facilitação é conveniente demais tudo funciona muito de maneira muito encadeada sem sem uma tensão muito palpável assim sem a sensação de que a coisa de fato vai pegar pesado ou vai ficar intensa para ele ou para algum personagem em volta e tem também uma cena só para comentar essa primeira metade em que uma determinada personagem cai da escada em que existe um empurrão ali que eu acho uma coisa Absolut ridícula assim a cena é eu eu não não acho definitivamente que a cena é pensada pelo ridículo e principalmente ela não não se comporta no pós cena como uma coisa cômica não ela se comporta como uma cena minimamente esperta ou séria e a cena é como eu falei muito muito engraçada ela não faz o menor sentido daquela maneira que acontece ali você não consegue comprar que ninguém absolutamente ninguém em volta perceber não perceberia que que quem foi que fez aquilo né espacialmente é um negócio muito M muito louco essa cena então enfim tenho problemas com essa primeira metade do filme com essa primeira hora mas tava curtindo o filme tava achando interessante tava achando engajante Daí vem a segunda parte a segunda parte que é eu ia dizer que é o ato final mas é aparece um ato final interminável então é meio que uma segunda metade mesmo deve durar mais de meia hora de duração essa parte que é totalmente diferente da primeira para quem não viu o filme eu não vou contar aqui detalhe do do que acontece nessa parte não vou dizer não vou fazer uma análise aqui de cada elemento mas a a única coisa que eu posso dizer é que é uma segunda parte bem mais imprevisível o que eu gosto em princípio eu gosto da maneira como ele se desconstrói ele faz uma uma solução arriscada você sair daquela ambientação daquela premissa que você tinha elaborado tão bem e tava com controle espacial como eu falei muito legal sobre ela você sai daquilo e vai para uma coisa que tenta de alguma maneira subverter o tempo inteiro as suas expectativas então eu gosto disso em específico Eu gosto do risco que ele corre fazendo isso e eu prefiro um diretor que corra esse tipo de risco do que um diretor que simplesmente fique repetindo os mesmos truques então isso em si é interessante o meu problema principal com essa segunda metade é que as situações sempre se resolvem assim como de alguma maneira a primeira também fazia isso essa segunda parte as coisas se resolvem muito facilmente com truques muito rápidos e muito eh mornos também paraas situações então esses atalhos que eu falei na primeira parte se acumulam Ainda mais nessa segunda tudo aqui é um pequeno atalho e parece o tempo inteiro que ele tá engatando a chave né num carro ele parece temp que ele tá tentando ligar um carro e o carro liga avança um pouco e aí para ele sai desse carro e vai para outro carro e tenta ligar de novo e vai para outro então essa segunda parte ela parece um bocado de pequenas experimentações com saídas para esse personagem eh que poderiam eu sei que muita gente vai defender e defende o filme dessa forma que essa segunda parte de de alguma maneira é uma farça é uma sátira a essa tentativa constante do personagem de se safar das armadilhas colocadas para ele só que para mim vai ficando muito repetitivo e vai sendo filmado também de uma maneira muito menos interessante do que a primeira parte assim a a a forma como o filme vai Sendo fotografado nessa segunda parte é muito menos interessante é é é pouco instigante do ponto de vista da criação da atenção tem inclusive um momento que envolve uma limousine que chegam alguns policiais em volta que deveria ser uma cena super intensa de podia ser uma cena mais de repente mais pesada ou que desse qualquer tipo de impacto no público e não a cena se resolve mais uma vez de maneira segura de uma maneira organizada e passa pra próxima então é na verdade uma série de cenas Mornas nessa segunda parte quando na verdade deveria acontecer o contrário quando o filme deveria ficar mais intenso e ele não fica e diga-se de passagem o último confronto do filme que envolve dois personagens sentados numa mesa é um confronto mais íntimo um confronto menor é um confronto absolutamente sem base dramática para existir ele tenta ali estabelecer uma revelação estabelecer Uma não um Twist porque nesse caso aqui nem é exatamente um Twist mas ele tenta estabelecer uma informação a mais sobre tudo que tinha acontecido antes que não tem peso nenhum àquela altura do campeonato porque a gente tem pouco investimento com aqueles personagens a gente tem muito pouco investimento com essa personagem específica que só é apresentada nessa segunda metade do filme então isso enfraquece muito a tensão do filme enfraquece muito O Drama do filme e deixa esse confronto pronto particularmente morto eu achei tudo muito morto eu achei a solução muito fácil não me senti tenso e envolvido de maneira nenhuma por nenhum dos personagens ali aquela altura do campeonato e mais ainda o epílogo do filme é péssimo assim a maneira como ele a maneira espertinha como ele resolve fechar o que acabou de acontecer como se fosse mais um pequeno truque só que um truque ruim e um truque é baseado em facilitações tudo aqui se resolve a partir dessas facilitações mais uma vez muita gente a gente pode e cada um argumenta da forma como quiser defender que o filme é de modo geral uma brincadeira com essas facilitações Mas na minha opinião parece muito mais é preguiça e funciona muito menos do que ele provavelmente imaginaria o efeito de humor para mim é muito menor também talvez quem sabe não sei se seria o caso se o filme fosse mais exagerado nesse sentido da do c do senso de humor ele funcionasse mais nesse aspecto satírico que algumas pessoas enxergam nele para mim vai ficando só um filme meio morto vai ficando um filme meio morno e morto na verdade né repito acho a primeira metade interessante e admiro a ousadia do ponto de vista estrutural e dramático da segunda eu acho isso mais interessante de se discutir de se analisar de se debater do que quando a pessoa faz um filme todo redondinho e sem muitas arestas pra gente discordar e pra gente né Eh ter tecer as nossas próprias visões mas infelizmente o Trap ou armadilha é menos engajante do que eu esperava que fosse ele me decepcionou mais do que me envolveu de modo geral [Música]