A Crítica Social em PISQUE DUAS VEZES, de Zoe Kravitz

Fala galera sejam bem-vindos a mais um vídeo do nosso canal sinologia cultural é um prazer imenso ter você por aqui a gente vai trazer um formato de vídeo diferente hoje né eu decidi criar um blog eh cinema das Trevas né esse endereço aqui cinemad trevas pbsp.com porque a gente tá sendo convidado ah com muita frequência para assistir filmes né que estão no cinema e esse convite tá vindo ah Inclusive a gente queria agradecer logo do do de isso aqui né o pessoal do Recife Assombrado Aqui tá o arr deles lá no Instagram Ah é o Recife Assombrado tá e do espaço z que é uma empresa de marketing né e da Warner Aqui também tá o ar Então se você for lá por exemplo no nosso Instagram né eu vou deixar o link aqui abaixo você vai perceber que ontem nós estávamos no cinema né assistindo a esse filme e tal e aí me veio a ideia de fazer algumas críticas sociais por isso eu criei esse blog né eu tenho vários blogs que são criados recentemente Veja Bem nesse momento eu não vou me preocupar com questão de tempo de vídeo dinâmica porque a ideia é o seguinte quem vai acessar e quem vai continuar Neste vídeo aqui é quem realmente quer falar e discutir sobre críticas sociais sobre análise sociopolítica de determinados filmes e a gente queria trazer também esse conteúdo para o sino e teologia cultural por isso a gente tem o biblioteca das Trevas né né biblioteca trevas pbls spot.com e agora a gente tem o cinemad trevas pbls spot.com e eu percebi com esse filme aqui que dá para fazer também análise psicanalítica então pouca gente sabe que eu tenho outro canal lá que é meu nome mesmo marisson Fraga ten um outro canal no YouTube então provavelmente eu vou criar um blog que seria terror e psicanálise já que eu gosto muito de filme de terror e estou sendo convidado frequentemente por causa desses projetos aqui do Lendas e causas de Pernambuco e do Cine teologia com Então vamos lá sem mais delongas Vamos considerar o seguinte que você já assistiu a esse filme Porque é importante você saber disso porque nós vamos dar spoiler aqui ok e se você quiser ler a matéria a matéria tá lá no cinema das Trevas essa é a primeira matéria mas provavelmente quando você assistir esse vídeo você vai ver que tem outras matérias de outros filmes também mas eu sempre lembro de um amigo que quando eu mandava textos para ele né ele dizia o seguinte ó vou esperar tu lançar um um vídeo no YouTube para poder entender melhor isso porque ele tinha preguiça de ler e tal então eu sempre penso né em atender a todas as expectativas e aí a gente vai agora paraa análise ah sociopolítica né análise crítica assim né O que foi que eu percebi de crítica social nesse filme Lembrando que é a minha percepção tá provavelmente ah muita gente vai ter uma percepção diferente aqui não necessariamente o que a gente vai falar aqui significa que a a diretora por exemplo quis tratar desse assunto é apenas a minha experiência assistindo esse filme e tentando trazer paraa discussão social Ok então primeiro ponto lembre-se que a gente vai falar sobre spoiler né vamos falar sobre a dinâmica de poder e controle Então o que foi que eu escrevi aqui né o filme apresenta personagens que de diferentes formas tentam exercer contoles controle uns sobre os outros seja através de manipulação psicológica seja por meio de coersão direta coersão direta a gente vê mais eh digamos assim no final do filme né durante boa parte do filme seria ali uma questão de manipulação psicológica essa dinâmica reflete as tensões presentes em sociedades contemporâneas onde o poder muitas vezes se manifesta de maneira Sutil e insidiosa a luta pelo controle que é Central nessa narrativa pode ser interpretada como uma metáfora das disputas de poder na vida real envolvendo não Apas indivíduos mas também instituições aqui é o seguinte volto a dizer eu não estou dizendo que a diretora ela quis tratar sobre esse assunto eu acho que de certa forma sim porque uma das ideias de criar essa série de vídeos né falando sobre críticas sociais eu sei que são vídeos que são pouco acessados mas geralmente as pessoas que acessam gostam muito dessa questão de críticas sociais e e infelizmente ainda pouca gente percebe a quantidade de críticas sociais que existem em filmes de terror né então a gente tá abrangendo aqui a percepção de filmes de terror isso já seria uma outra discussão porque muita gente vai dizer que esse filmo é de suspenso e tal mas enfim estamos utilizando algumas premissas básicas que se você quiser a gente pode eh fazer um vídeo para falar sobre isso então considerando que esse é um filme de terror Não tô dizendo que necessariamente a manipulação psicológica ela seja algo que a diretora quis tratar mas eu acho que de certa forma os filmes de terror eles retratam muito eh eu vai vai vai parecer até um um enfim até um pouco ah como como é que eu posso dizer vai parecer uma repetição o que eu tô falando né é um pleonasmo mas os filmes de terror retratam justamente o retrato dos medos da sociedade de sua época né Quais são os desconfortos sociais por exemplo então eh uma coisa que já tá clara para mim né é justamente esse esse jogo de poder que existe na nossa sociedade que para mim o filme Deixa claro isso porque eu lembro eh de exemplos né onde eu tive um grande amigo a gente eh por coincidência nós estudávamos juntos na faculdade na minha primeira graduação que é de ciências contábeis e a gente fazia estágio num banco e nesse banco Ah foi foi um uma sorte a gente ter conseguido estágio né a gente não sabia que nós dois tínhamos nos inscrito ã para concorrer à vaga de estagiário desse banco a gente não sabia disso simplesmente a gente fez a inscrição e depois a gente percebeu que a gente tava na mesma dinâmica de grupos e tal Ok então fizemos o estágio eh juntos e íamos juntos também pra faculdade então era um grande amigo meu entretanto quando chegou no momento da contratação na eminência da contratação eu percebi que esse cara mudou completamente então eu lembro que ele dizia até coisas do tipo assim é melhor puxar saco do que puxar carroça sabe eh e aí eu comecei a perceber nesse período o que as pessoas queriam poder porque você pode dizer o seguinte Ah por que que você quer dinheiro por que que você faz o que você faz por que você acorda todo dia por que você estuda né E quando você perguntar demasiadamente isso daí o por que você faz o que faz você vai perceber que de alguma forma você vai encontrar a busca pelo poder seja o poder o dinheiro porque para você pode representar o dinheiro pode representar o poder a qualidade de vida saúde pode representar um poder para você a sua vitalidade né a sua virilidade as questões sexuais ou seja o que é o poder na verdade que na psicanálise a gente trata como falo é muito variável entretanto para algumas pessoas por exemplo ter poder é você ter uma casa para morar e ter uma outra casa alugada para outra pessoa ter trocar de carro todo ano Isso é uma forma de poder Então na verdade para conseguir né esse poder o que eu perceba que em sociedade a gente acaba se degladiando né e muitas vezes manipulando várias pessoas e descartando essas pessoas quando não são mais necessárias na nossa busca pelo poder né então isso aqui é uma primeira crítica que eu observei nesse filme aqui a questão da segunda crítica seria o seguinte a desconfiança nas instituições isso é uma coisa que me pega bastante inclusive porque eu me sinto extremamente desamparado e pela área jurídica né pela po isso enfim eu acho que muitos cidadãos né sentem-se desamparados e o filme traz isso mais uma vez eu digo não sei se a diretora quis tratar sobre isso mas quando o clima de abandono né e desamparo ele se instala em determinado momento do filme a atriz principal aqui a Frida né ela ela se vê sozinha ela não tem quem recorrer ela não pode pedir ajuda a ninguém ela não pode sair da ilha eh então é uma sensação por exemplo que dá para experimentar se você e se colocar no lugar dela né de um completo desamparo que na minha opinião pode refletir por exemplo o desamparo que a gente sente com relação às instituições é como se Ah eu não sei se você já percebeu mas toda vez que que nasce alguém você precisa registrar essa pessoa certo esse registro muita gente entende que é só uma certidão de nascimento mas uma forma de você compreender esse registro é justamente você entender que aquilo é um um certificado de propriedade do Estado sobre você então É como se você tivesse certificando que você não tem mais a liberdade que você precisaria ter você vai dar parte dessa liberdade para o estado e o estado na verdade a gente pode entender que a nossa Constituição né de 1978 é basicamente isso né você fornece eh muito da sua liberdade para o estado e o estado de certa forma te devolve algumas coisas em troca com ou deveria te devolver como por exemplo saúde segurança educação só que uma vez que o estado toma tua liberdade mas não te oferece isso nasce aí uma sensação de desamparo e quem é por exemplo Quem mora em em em regiões periféricas né dependendo de onde você mora você já percebeu que Possivelmente É muito difícil você confiar na polícia que é uma instituição do estado você confiar por exemplo no Sistema Único de Saúde ainda que seja um modelo que esteja sendo levado para muito lugar Mas ainda tem muito a a a já avançou demais tá no Brasil já avançou bastante assim a saúde pública era inadmissível né muita gente chama de precária mas era inadmissível e só que precisa melhorar muito né quantos e quantos meses as pessoas não passam na fila esperando um exame várias delas morrem então a sensação de desamparo completo eu acredito que seja basicamente o que Frida ela experimenta em determinado momento do filme né gente pode entender também AL a alineação e o isolamento né Eh esse é um filme também que lida um pouco com isso com essa questão do isolamento a gente vive hoje por exemplo Ah um contexto né sociopolítico como escrever aqui que ele reflete a fragmentação social moderna ou pós-moderna como queira chamar porque na verdade as pessoas estão muito conectadas né você tem vários amigos no no no Instagram Você tem vários amigos nas suas redes sociais cada vez mais surgem redes sociais mas de certa forma eh nós estamos nos sentindo muito sozinhos inclusive isso acaba se refletindo do ponto de vista Clínico né na psicologia na psicanálise muita gente com com com depressão com ansiedade né isolamento social e por aí vai então nós estamos hiperconectados né Mas a nossa sociedade pós-moderna Ela é completamente fragmentada de forma que a gente eh muitas vezes se sente isolado e aí você tem uma questão que você busca acesso geralmente na internet ou nos nos mecanismos de buscas né E eles têm determinados algoritmos e esses algoritmos vão preenchendo Ah você com mais informação naquele estilo que você gosta que é o que você passa mais tempo ou seja você acaba ficando preso completamente alienado numa bolha não escutando o outro lado eu gosto de brincar e gosto de dizer que o meu algoritmo por exemplo do YouTube ele é muito maluco porque como eu gosto de escutar todo mundo e eu trabalho com YouTube também e gosto de ver várias formas gosto de pensar em várias formas inovadoras de víde então assisto vários canais o meu algoritmo é meio maluco mas se você pegar por exemplo o algoritmo ah de um familiar meu você vai ver se o cara inclusive Qual é o espectro político do cara você vai conseguir ver se o cara é de direita se ele é de esquerda e tal enfim e ele a narrativa da pessoa se dá a partir disso né da alienação do isolamento enfim dessa fragmentação social que a gente vive na sociedade pós-moderna os papéis de gênero e violência também é uma questão que eu percebi né no filme porque ele pode ser analisado através desse Prisma desse Prisma né do do dos papéis de aqui vai ter um spoiler geral né porque você sabe que as mulheres lá sofrem violência né e eh os homens enxergam a situação como se as mulheres precisassem satisfazer necessariamente os homens desta forma e elas estivessem lá a serviço dos homens né então você tem ali uma classe dominante Você tem uma classe que a gente pode considerar como burguesa dependendo da sua narrativa e você tem ali também uma classe daqui a pouco a gente vai falar um pouco mais sobre isso mas você tem uma classe ali eh Digamos um pouco mais abaixo na pirâmide social e você vê mulheres né que precisam corresponder aos desejos e expectativas e fantasias e e e e e enfim e e qualquer dê o nome que você quiser né qualquer necessidade animalíssimo que estão ali eh no filme então esse papel por exemplo de gênero e violência né como essa relação do do do do machismo do sexismo E por aí vai e o filme só acaba não Disc quer dizer acaba perdão discute sim eu que não coloquei isso aqui mas o filme no final acaba abrindo margem pra gente entender por exemplo o sofrimento do machismo no homem né como isso é causado no homem por exemplo eh mas eu acabei não colocando aqui isso foi uma coisa que me ocorreu agora a dualidade da idade isso realmente eu não acredito que a diretora ah quis né Eh trazer esse assunto mas como o título é em português né pisque duas vezes a gente pode entender por exemplo geralmente quando você aqui pisca duas vezes né E você pode é um código você pisca duas vezes quando você tá em Perigo em situação de perigo não pode pedir socorro Ah mas eu me dei a liberdade aqui de interpretar justamente ah de maneira que se você tiver piscando às vezes é porque você tá tentando enxergar a situação de uma forma diferente né então assim é seria uma crítica ao modo de como as as narrativas oficiais ou dominantes frequentemente obscurecem em verdades inconvenientes Você já se viu por exemplo numa situação onde você entra num quarto escuro e aí você tem que piscar os olhos várias vezes para poder ver se se o que você tá enxergando é aquilo mesmo enfim para poder ter eh é um esforço que você faz Inclusive tem um detalhe aqui o aquele filme por exemplo do Robert eggers né o o farol muita gente não gosta daquele filme acha aquele filme muito parado eh eu acho que inclusive aquele eu acho tá Nunca li sobre isso não mas eu acho que aquele filme foi colocado em preto e branco para que a pessoa eh passe pela experiência de fazer o esforço físico de olhar pelas olhar para para as sombras né O que seria uma dava para encaixar ali numa teoria junguiana né a partir da Perspectiva da psicologia analítica e quando você reflete a partir desse Prisma você em vários momentos o você percebe que o filme é escuro e ele tá em preto e branco e você tem que ficar piscando os olhos é uma experiência eh extra sensorial né Eh multisensorial digamos assim e aí você eh eu acho que foi de propósito que o o Robert eger acabou escolhendo o filme em preto e branco assim deixar ele em preto e branco mesmo nessa questão do pisque duas vezes a gente pode pensar nisso também Apesar de eu não acreditar que seja narrativa mas foi uma ideia que me ocorreu né Eh como a gente precisa fazer realmente um esforço para tentar encontrar verdades em uma guerra de narrativas que a gente a gente se encontra praticamente numa terceira guerra mundial sendo ela uma guerra de narrativas né ainda que tenham dito anteriormente que em toda a guerra a primeira ah a primeira vítima é a verdade né então você tem ali primeiro uma guerra de narrativas para depois você ter a guerra propriamente dito e a e e a sexta perdão é a questão do racismo estrutural eu achei uma coisa bem interessante Lógico que a gente precisa considerar que a atriz principal sendo Negra e sendo mulher eh pode ter sido uma questão mercadológica mas eu realmente acredito que não acredito que ela foi escolhida por uma mensagem a ser passada né através de um simbolismo o fato da atriz principal ser uma mulher negra né E ela é garçonete ou seja ela é de uma uma classe trabalhadora é meio que marginalizada assim nos Estados Unidos os americanos não querem muito essa profissão geralmente são profissões que são preenchidas por pessoas de fora por turistas por eh Forasteiros né Por enfim eh deu o nome que você quiser porque eles chamam de vários nomes inclusive já escutei até invasores né mas os imigrantes de forma geral eles acabam pegando ali subempregos né então você tem uma mulher negra da da da classe trabalhadora né Eh do ploretariado digamos assim trabalhando numa numa num num emprego que é marginalizado na sociedade dos Estados Unidos e sem perceber ela se vê completamente feliz né e e ela não percebe que ela se torna subserviente ela não percebe que ela tá servindo a uma classe burguesa mas para ela tá tudo muito bem né Por Ela ali tá recebendo o que eu chamei aqui de migalhas socioeconômicas eu decidi dar esse nome não tinha um nome melhor mas eu decidi chamar de migalhas socioeconômicas né é aquela questão por exemplo você recebe um serviço tão ruim Ah no hospital que quando você recebe o serviço básico que você deveria receber para um cidadão Digno Você fica muito feliz e elogia aquele local Ah você por exemplo quando vai viajar de avião é uma viagem tão desconfortável que quando você faz uma viagem um pouco mais diferenciada com um pouco mais de comida com um pouco mais de alguma coisa diferente você acaba elogiando e não percebendo na verdade que você tá receb no básico do que você deveria receber Então essas migalhas socioeconômicas acontecem inclusive muito nas classes trabalhadoras né pessoas por exemplo que eu já trabalhei numa empresa que nessa empresa eles davam cesta básica no Natal olha que maravilha então as pessoas que trabalhavam lá se sentiam extremamente diferenciadas o que para o empregador isso não não refletia absolutamente nenhum nenhum nenhum prejuízo financeiro nele mas são migalhas socioeconômicas que fazem com que as pessoas não percebam que elas continuam sendo subserviente às classes burguesas né E isso aí causa silenciamento dos oprimidos no que eu coloquei aqui eh e acredito que levanta os leva os oprimidos a fantasiar uma ideia de pseudos Soberania de classe Porque como a gente vive numa competitividade muito grande né já visto que a gente falou aqui em cima sobre as relações de poder e de controle né e as classes por exemplo mais marginalizadas ou as bases da pirâmide e tal eh elas elas na verdade o meio da pirâmide né digamos assim elas não chegam a a geralmente a a refletir sobre E como estão sendo eh deglas entre si por causa de uma narrativa que é criada inclusive até de uma pseudo meritocracia E por aí vai então você tem eh uma configuração social que faz com que você Imagine que uma pessoa que é de uma classe trabalhadora um proletário né se ele tem um diferencial a mais e se ele ganha um extra a mais ele entende-se como soberano numa determinada classe e é o que por exemplo Gessé ah Gessé Souza né o sociólogo Jessé Souza vai chamar de eh a ralé brasileira né inclusive ele tem um um livro chamado a média no espelho que é muito interessante fala um pouco sobre essa questão aqui que a gente tá querendo tratar então espero que você tenha gostado eu sei que foi um vídeo chato para muita gente mas para mim foi um vídeo bacana de fazer foi bacana para escrever foi legal de assistir E eu espero que seja legal para as pessoas que gostem deste conteúdo dá uma olhada lá biblioteca das Trevas eu vou deixar o link de quem possibilitou que a gente assistisse a esse filme Ah vou deixar o link eu vou deixar o os arras aqui abaixo também tá forte abraço eu te vejo no próximo vídeo